2 de mar. de 2011

DUQUE DE CAXIAS E A FAMA


Um dia você acorda, abre o jornal, liga a TV e percebe que lá está a sua cidade. Batendo recordes de pontos de audiência, vendendo jornais como água no deserto, todos estão falando do lugar onde você mora.
Ninguém falou sobre a programação do teatro que o Oscar Niemeyer desenhou, ninguém falou da iniciativa dos artistas locais em promoverem cultura, ninguém disse o que está rolando no museu da ciência e vida, ninguém lembrou de coisas que nos dariam orgulho, afinal elas são tão poucas, não é mesmo? As nossas coisas boas são tão efêmeras, tão provincianas, tão atrasadas, tão caxienses... A gente comemora por ter uma grande escola de Samba e tocam fogo nos nossos sonhos, a gente vai pra Hollywoody para provar que nosso lixo é o sucesso. E como se não bastasse, enquanto escrevo este texto a imprensa continua a lucrar com notícia que todos querem, ou talvez, sejam obrigados a desejar.
A morte de uma criança de 6 anos encontrada brutalmente assassinada em baixo da cama de um hotel de Duque de Caxias, trás a população as memórias do caso Nardoni, faz-nos pensar no pior que um ser humano consegue chegar a ser.
Enquanto o barulho das hélices do helicóptero de alguma emissora abafa o nosso estarrecedor silêncio, em poucos fala mais alto a reflexão de nossos olhares perdidos em uma multidão que tenta entender porque essas coisas acontecem. Por que o nosso lixo faz tanto sucesso?

Um comentário:

  1. JP, este blog parece ser mais serio que as suas sarcasticas tirinhas que tanto me fizeram rir outrora, porém faço de suas palavras as minhas.

    Lamentável o ocorrido, lamentável essa cultura sádica do povo tupiniquim, lamentável essa mentalidade provinciana e mediocre do caxiense... Triste ver nossos conterraneos tão felizes com o sucesso do lixo, do samba pirotecnico da Grande Rio e da exposição massiva de noticias tão brutais acerca de nossa cidade...

    Além destes temas pertinentes sobre o trabalho arduo de nossos artistas em nos trazer mais cultura de boa qualidade, poderiamos nos estar questionando sobre as obras faraonicas do terceiro reinado de Dom Zito I, mais alem, poderiam estar questionando as autoridades sobre os valores astronomicos destas obras... será que de fato precisamos de quadras de futebol com grama sintetica nas praças e chafarizes no centro da cidade quando temos uma saude publica deficiente e uma educação decadente???

    Lamentavel e triste é ver como temos um povo alienado que se transforma facilmente em massa de manobra das minorias burguesas desta provincia chamada Duque de Caxias.

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