24 de nov. de 2010



QUEM É O INIMIGO, QUEM É VOCÊ?

...mais um dia na prisão sem muros


Via Láctea, Sistema Solar, Terra , América do Sul, Brasil, Rio de Janeiro, Baixada Fluminense... Mais um dia contado em riscos na parede.

Desde ontem, o Rio e a Baixada vivem um detestável clima de tensão com atos de vandalismo, roubos e tiroteios por toda a parte. Tendo em vista o conhecido contexto social carioca, não seria preciso informar que as ações criminosas começaram na capital e se alastraram como uma doença até o apêndice, a baixada.

A situação remete a trama do filme “Salve Geral”, onde bandidos se sentem reprimidos com medidas tomadas pelo governo e resolvem esquentar o asfalto mandando o propriamente dito: “Salve!”. Inegavelmente, cabe destacar o mau uso de língua portuguesa aplicado a tal saudação, outrora esta foi uma das formas mais respeitosas para aclamar ou cumprimentar alguém. Independente da indignação lingüística, nós, Os Camaradas, acreditamos na violência como a prova concreta da total fraqueza e exatamente pelo fato de sermos um grupo humorístico oriundo da baixada fluminense, vivemos em nosso dia a dia as cenas deste triste filme que a televisão não passa.

O que você passa a ler a partir de agora, definitivamente não é para ser engraçado, não foi feito pra fazer rir nem sob hipótese, na verdade, construí este texto para te fazer pensar... Não para pensar como eu, como o governo ou como os bandidos. Tire as suas próprias conclusões, abra seus olhos. Essa coisa que estamos tendo o desprazer de vivenciar é uma cortesia de governos populistas, que agem de acordo com seus interesses e geram todo este caos ao povo. O que estamos presenciando é o fruto da sua ação impensada de se deixar manipular por um mecanismo de mídia e eleger esses moleques que se dizem homens públicos, que se dizem administradores da máquina do estado. No passado havia políticos e ainda hoje há aqueles que acusam emissoras de TV, Rádio e Jornais de manipularem a informação, mas acreditem, hoje, os políticos não precisam de alguém para manipular algo, eles são capazes de criar as suas próprias formas de manipular. Aprenderam direitinho a rezar na cartilha de Joseph Goebbels, que como marketeiro de Adolf Hitler, marcou na história a frase: “De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade”.

Esses ataques de facções criminosas, do crime organizado, dos bandidos, dos meliantes ou em outras palavras do pobre segurando uma arma de fogo, não passam de um grito de desespero. Desespero este que é provido a todos por um único vilão...

Antes de subjulgar o estado, façamos um mergulho pela história da humanidade, mas obviamente levando em consideração as épocas e contextos diferentes, nosso único objetivo neste túnel do tempo é encontrar vilões. Vejamos:

Na Roma antiga, Nero, o imperador incendiário, elegeu os cristãos como inimigos públicos. Os cristãos capturados morriam das mais criativas e diferentes maneiras, desde decaptação até divertidos jogos no coliseu com feras selvagens. Essa perseguição aos vilões cristãos durou até os tempos de Constantino, aproximadamente 250 anos.

Saindo da antiguidade e passando para o medievo, onde encontramos muitas histórias fascinantes, teremos o período de expansão do cristianismo e domínio ideológico. A igreja definia quem vivia, quem morria, quem dava as ordens e quais eram as ordens. A inquisição levou a fogueira muita gente, um que quase virou churrasco foi Galileu. Mas quem era o principal foco da vilania medieval? Bruxas? Feiticeiros? O maior crime na idade média era pensar e exercer individualidade, os que isso faziam eram chamados de infiés e a eles eram aplicados a conversão cristã através do arrependimento (negar o que se acredita)ou a morte.

Até aí encontramos dois distintos vilões em épocas diferentes, possivelmente você ainda não encontrou ligações destes vilões com os da nossa época, vamos mais a frente. Já que citamos Goebbels anteriormente, vale lembrar que a ofensiva nazista contra os judeus, entre diversos fatores deu-se também pelo fato dos semitas terem se espalhado por toda a Alemanha já retendo quase 20% da economia da época, isso antes do poder nazista chegarem ao governo e elegerem o seu inimigo público.

Continuando a nossa viagem anacrônica, teremos aquele trecho transitório que até o Indiana Jones acompanhou, depois dos nazistas vieram os comunistas. Durante o período conhecido como Guerra Fria, os EUA perseguiram veementemente qualquer pessoa que eles acreditassem ser comunista, nesta brincadeira de “eleja seu inimigo” até Charles Chaplin foi chamado de comuna.

Vamos agora mergulhar em águas mais próximas do nosso tempo. Brasil, 1964, muitas foram as torturas e mortes aplicadas aos inimigos públicos, se preferir pode substituir inimigo público por estudantes que lutavam contra a tirania dos milicos que ocupavam a cadeira de mandatários da máquina.

Factualmente, não há relação nenhuma entre estes inimigos do governo, mas a ligação entre todos estes vilões do passado é intimamente ligada a um só ponto: Quem inventa os inimigos do estado?

Se políticas públicas de qualidade de vida fossem levadas a sério, se os investimentos em educação fossem aplicados corretamente, se os investimentos em cultura não fossem só para mostrar a desgraça e a miséria como um parque de diversões antropológico, você não precisaria ter chegado até esta parte do texto.

O estado elege seus inimigos de acordo com suas necessidades, por acaso o inimigo do estado, ou melhor, o inimigo que o estado quer que você veja hoje é um cidadão pobre, desprovido de cultura, educação e que anda armado porque vende drogas, porque essas drogas o estado não quer ter controle sobre elas, a única ação social que vai até a favela é a polícia. Não adianta UPP se não há uma estrutura séria de segurança pública para asfalto e favela, não adianta UPP só pra facilitar o PM de pegar o “arrego” da semana com traficante. Não adianta UPP enquanto prisioneiros usarem celulares. Não adianta entrar numa guerra sem antes conhecer as próprias fraquezas, sem antes entender quem começou a errar.

Pois enquanto eles continuam seu joguinho barato de polícia e ladrão é você quem vive mais um dia na prisão sem muros.

John Gavanga

3 comentários:

  1. Ahhh zuou?!
    Tá achando que seus leitores são intelectuais pra ficarem lendo texto enormes repletos de eloquência, pansas que somos capazes de sacar os ácidos comentários a respeito da política de segurança pública.
    VSF.
    Queremos Mulé pelada!

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  2. Na verdade só comentei isso pq eu fiquei um bom tempo lendo o texto (sem óculos) fudendo minha retina e para no final fazer um cometário muito bom(modesto não!?) porém o Safari me fude no exato momento em que eu clico em postar!
    NAVEGADOR FILHO DE UMA RAPARIGA.

    OBS:Não, não vou tentar escrever novamente o que havia escrito. (Tô Puto)

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  3. Concordo com o conteúdo do texto embora eu seja contra a ideias que muitos defendem de que o estado tenha o controle da venda das drogas.

    Você foi na raiz do problema da violência. Eu escrevi algo semelhante que vai ainda mais fundo no problema: nossos problemas começam pelas pequenas contravenções do próprio cidadão comum.

    Espero que seu texto tenha um alcance maior, que mais gente possa ler e que seus visitantes não queiram só ver mulher pelada, mas que gastem um pouco do seu momento de masturbação mental para refletir sobre o que importa.

    Irei divulgar o link do post se não se importarem.

    Abs

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